Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Lobo Ibérico

                                                         
Identificação



 O lobo da Península Ibérica (Canis Lupus signatus) é uma subespécie do Lobo -cinzento. A sua população deve rondar entre 1600-1700 indivíduos.

Destes, cerca de 170 habitam no nordeste transmontano. 

Um pouco mais pequeno e esguio que as outras subespécies do lobo cinzento, o lobo ibérico medem entre 130 a 180 cm de comprimento os machos, e 130 a 160 cm as fêmeas.

Os machos pesam geralmente entre 20 a 40kg e no caso das fêmeas entre 20 a 35kg.

A pelagem é de coloração acinzentada e mesclada de negro, particularmente sobre o dorso.

 Alimentação




 A alimentação é muito variada, dependendo da existência ou não de presas selvagens e de vários tipos de pastoreio em cada região. As suas principais presas são o javali, o corço e o veado, e as presas domésticas mais comuns são a ovelha, a cabra, a galinha, o cavalo e a vaca. Ocasionalmente também mata e come cães e aproveita cadáveres que encontram, isto é, sempre que pode é necrófago.

Ecologia


 Espécie que vive em alcateias formadas por 3 a 8 indivíduos, devidamente hierarquizados. Existe um par dominante (par alfa). Os locais habitados por lobos caracterizam-se por baixa pressão humana, embora com elevada taxa de actividade pecuária e uma topografia acidentada. De actividade essencialmente nocturna, podem percorrer num só dia cerca de 20 a 40 km à procura de presas: mamíferos de médio e grande porte.



Habitat



Habitam em bosques abertos, tundra, florestas densas e montanhas onde se refugia em tocas escavadas por ele ou reaproveitadas de outros animais.

A população Europeia original está agora muito reduzida. A primitiva área de distribuição mundial do lobo (Canis Lupus, L. 1758) abrangia quase todo o hemisfério Norte, excepção feita ao Norte do continente Africano. Actualmente este canídeo ocupa uma área muito mais reduzida, estando classificado como Espécie Vulnerável a nível mundial. Na Península Ibérica, a área de distribuição deste predador restringe-se ao quadrante noroeste da península, estando classificado como Espécie Vulnerável em Espanha e como Espécie Em Perigo, em Portugal.

Em Portugal a área de distribuição do lobo abrange cerca de 18.000 km² no norte do país. Considera-se que existem duas populações separadas pelo rio Douro:

 Uma população próspera ao norte do Douro, em uma área montanhosa que ocupa os distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Bragança e pequena parte do distrito do Porto. Essa população abrange cerca de 50 alcateias e é contínua com a grande população do lado espanhol da fronteira. Áreas protegidas portuguesas importantes para a preservação do lobo ao norte do Douro são o Parque Nacional da Peneda-Gerês, o Parque Natural do Alvão, o Parque Natural de Montesinho e o Parque Natural do Douro Internacional.

 Uma população em declínio ao sul do Douro, distribuída em parte dos distritos de Viseu, Guarda e, talvez, Aveiro e Castelo Branco. Essa população abrange apenas 10 alcateias e encontra-se isolada em relação à população do norte do Douro. Seu futuro é incerto, considerando-se que pode extinguir-se no curto ou médio prazo.



Reprodução



 Geralmente acasalam para toda a vida e, usualmente, apenas o par alfa se reproduz. Atingem a maturidade sexual por volta dos 2-3 anos de idade.

Apenas se reproduzem uma vez por ano – fim do Inverno ou início da Primavera (Janeiro a Março) – altura em que ocorre o acasalamento. Os nascimentos dão-se, em geral, durante o mês de Maio ou Junho. As ninhadas têm geralmente 3 a 8 lobitos nascendo com os olhos fechados e necessitando de cuidados parentais. Em finais de Outubro saem dos locais de criação e iniciam a sua aprendizagem de caça.



Factores de ameaça


 As causas do declínio do lobo são a sua perseguição directa e o extermínio das suas presas selvagens. O declínio é actualmente agravado pela fragmentação e da destruição do habitat e pelo aumento do número de cães vadios/assilvestrados.

 A redução progressiva do número de ungulados silvestres (corço e veado) levou a que este predador tivesse que recorrer aos animais domésticos como recurso alimentar. Deste modo, a perseguição directa por parte dos pastores que sofrem prejuízos avultados nos seus rebanhos, sofreu um incremento, apesar da lei que o proíbe. Nas últimas décadas assistiu-se à destruição do habitat preferencial do lobo, com a construção de grandes infra-estruturas viárias levou à fragmentação e redução da área de distribuição do lobo em Portugal. Actualmente, também a existência de um elevado número cães vadios/assilvestrados afecta a sobrevivência do lobo uma vez que competem com o lobo na procura de alimento, sendo provavelmente responsáveis por muitos dos ataques a animais domésticos incorrectamente atribuídos ao lobo.

 Morfologia



 O lobo é um mamífero de grande porte, sendo actualmente o maior canídeo selvagem. A espécie é caracterizada por uma cabeça volumosa, de aspecto maciço, com orelhas rígidas e triangulares, relativamente curtas e pouco pontiagudas. Os olhos são frontalizados, oblíquos, em relação ao focinho, e cor de topázio.

O lobo ibérico é, de entre as subespécies de lobo, a que apresenta menores dimensões e peso ( altura ao garrote - 70 cm; peso - 25 a 40Kg).

Caracteriza-se por possuir uma pelagem castanho amarelada no tronco. O focinho, ruivo com tons intermédios entre o canela e o amarelo canela, apresenta uma região mais clara, em tons de branco sujo, que parte obliquamente da garganta até ao ângulo externo do olho. O dorso é marcado por uma lista negra, que se estende do pescoço à cauda.

Os membros são fortes e robustos, com uma coloração entre o castanho e o bege, internamente, e o castanho e o ocre, externamente. Para além disso exibem, longitudinalmente, na região anterior, uma lista negra muito bem definida, que é mais visível no Inverno. O restritivo específico signatus foi atribuído com base nesta característica (do latim signatus - expressivo).

A pelagem de Inverno apresenta tons mais escuros que a pelagem de Verão.

DISTRIBUIÇAO

No início do século XX, a subespécie Canis lupus signatus ocupava praticamente toda a Península Ibérica. Porém, tem-se vindo a registar uma redução quer da área de distribuição, quer do efectivo populacional deste canídeo.

Em Portugal, o desaparecimento do lobo, particularmente na faixa litoral, tornou-se evidente a partir de 1940. Com a diminuição drástica da área ocupada na década de 70, a situação da espécie agravou-se.

 A população de lobos não se distribui de uma forma contínua em toda a sua área de distribuição, bem pelo contrário, esta é fragmentada com muitas zonas onde os lobos estão a desaparecer ou foram exterminados.

Lince Ibérico


Notícias sobre o Lince-Ibérico





O lince-ibérico (Lynx pardinus), também conhecido pelos nomes populares de Cerval, lobo-cerval, gato-cerval, gato-cravo ou gato-lince, é a espécie de felino mais gravemente ameaçada de extinção e um dos mamíferos mais ameaçados. Tem um porte muito maior do que um gato doméstico e o seu habitat restringe-se à Península Ibérica. Apenas existem cerca de cem linces ibérico em liberdade em toda a Península Ibérica. Aparentemente encontra-se extinto em Portugal.


Distribuição













O lince-ibérico somente existe em Portugal e Espanha. A população está confinada a pequenos agregados dispersos (ver mapa de distribuição), resultado da fragmentação do seu habitat natural devido a factores antropogénicos. Apenas 2 ou 3 agregados populacionais poderão ser considerados viáveis a longo termo. A sua alimentação é constituída por coelhos, mas quando estes faltam ele come veados, ratos, patos, perdizes, lagartos, etc. O lince-ibérico selecciona habitats de características mediterrânicas, como bosques, matagais e matos densos. Utiliza preferencialmente estruturas em mosaico, com biótopos fechados para abrigo.O lince-ibérico pode-se encontrar na Serra da Malcata, situada entre os concelhos do Sabugal e de Penamacor, integrando o sistema montanhoso luso-espanhol da Meseta.


Habitat e ecologia

 








Este felino habita no matagal mediterrânico. Prefere um mosaico de mato denso para refúgio e pastagens abertas para a caça. Não é frequentador assíduo de plantações de espécies arbóreas exóticas(eucaliptos e pinheiros). Como predador de topo que é, o lince ibérico tem um papel fundamental no controlo das populações de coelhos (sua presa favorita) e de outros pequenos mamíferos de que se alimenta.

Actualmente existem condições em portugal para o Lince-Ibérico já existe instituições a quererem introduzir o Lince-Ibérico em Portugal.


Comportamento

 

 












É um animal essencialmente nocturno. Trepador exímio. Por dia, poderá deslocar-se cerca de 7 km.

Os territórios dos machos podem sobrepôr-se a territórios de uma ou mais fêmeas.

Os acasalamentos, pouco frequentes, ocorrem entre Janeiro e Março e após um período de gestação que varia entre 63 e 74 dias nascem entre 1 e 4 crias. O mais comum é nascerem apenas 2 crias que recebem cuidados unicamente maternais durante cerca de 1 ano, altura em que se tornam independentes e abandonam o grupo familiar. Regra geral, quando nascem 3 ou 4 crias, estas entram em combates por comida ou sem qualquer motivo e acabam por sobrar apenas 2 ou até 1, daí um dos seus pequenos aumentos populacionais.Não existe dimorfismo sexual entre macho e fêmea.


Ameaças

 









A principal ameaça resulta do desaparecimento progressivo das populações de coelhos (sua principal presa) devido à introdução da mixomatose. A pneumonia hemorrágica viral, que posteriormente afectou as populações de coelhos, veio piorar ainda mais a situação do felino.

Outras ameaças:

  • Utilização de armadilhas
  • Caça ilegal
  • Atropelamentos



Medidas de conservação

 

 

 

 







Um programa de reprodução em cativeiro está a ser desenvolvido em Espanha. Para tal, linces que estejam em subpopulações inviáveis terão que ser capturados.

  • Esta espécie está totalmente protegida em Portugal e Espanha
  • Listada na CITES (apêndice I)

Em Portugal, a Liga para a Protecção da Natureza (LPN), em parceria com a organização internacional Fauna & Flora International (FFI), lançou, em 2004, o Programa Lince, que conta com a participação e o apoio técnico e científico de um grupo composto pelos principais especialistas nesta espécie em Portugal. No âmbito deste Programa, têm sido desenvolvidos projectos, entre os quais se incluem Projectos LIFE, que visam sobretudo a recuperação do habitat natural do Lince Ibérico. O Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI) de Silves terá o propósito de fazer com que linces reprodutores em cativeiro se reproduzam no território nacional.



Reprodução














Época de reprodução: Janeiro a Julho, com um pico entre Janeiro e Fevereiro.
Época de nascimentos: Março a Abril.
Gestação: cerca de 2 meses.
Tamanho da ninhada: 2-3 crias.
Sobrevivência até à independência: 1-2 crias por fêmea.
Idade de independência: 7 a 10 meses.
Idade da primeira reprodução: Fêmeas: primeiro Inverno; Machos: aos dois anos.
Longevidade: Até 16 anos.

Alimentação


  



Dentro das presas disponíveis nos habitats mediterrânicos da Península Ibérica, o lince selecciona fortemente o coelho-bravo que constitui entre 80 a 100% da sua alimentação. Esta elevada percentagem varia muito pouco entre áreas geográficas e entre as estações do ano. As necessidades energéticas de um lince adulto variam entre 600-1000 kcal, o que corresponde a aproxidamente à energia contida num coelho adulto. Uma fêmea com duas crias necessitará de caçar cerca de 3 coelhos por dia. A partir destes dados calculase que a densidade minima de coelho para permitir a reprodução do lince será de cerca de 4 indivíduos/hectare.
Outros vertebrados como roedores, lebres, perdizes e outras aves podem também ser predados pelo lince. No entanto, em nívies significativamente inferiores aos do coelho.




 



Possivelmente já estivemos a dois passos dele e fomos minuciosamente observados, sem darmos por nada. Invisível por entre a folhagem, o lince-ibérico é um animal que poucas pessoas se podem gabar de já ter visto. Quando alguém pergunta como ele é, temos logo a tentação de o comparar a um gato. Não há dúvida que é fácil encontrar semelhanças, não só físicas mas também de comportamento. Eles correm, saltam e surpreendem as presas com uma agilidade admirável, fazendo da caça uma espécie de jogo. Silenciosos e imprevisíveis, têm a habilidade de aparecer e desaparecer sorrateiramente, quase sem darmos por isso. Esta comparação não é desprovida de fundamento - quem estuda as relações de parentesco entre os animais chegou à conclusão que estas duas espécies pertencem à mesma família, a dos felídeos. São animais de cabeça redonda e focinho curto, com dentes aguçados, adaptados para cortar a carne. Além disso, têm cinco dedos nos membros anteriores e quatro nos posteriores, que terminam com garras retrácteis, e são digitígrados, ou seja, apoiam-se apenas nas extremidades das patas.
No entanto o lince não é um gato. Quem tiver a sorte de alguma vez deparar com um lince, chamar-lhe-á a atenção os invulgares pêlos nas extremidades das orelhas, em forma de pincel, as longas patilhas brancas e negras, bem como a cauda muito curta, com a extremidade escura. Notará também que os seus membros altos e vigorosos, com patas que parecem desproporcionadamente grandes e os quartos traseiros mais elevados que o resto do dorso, lhe dão um porte altivo e robusto. A sua pelagem, amarela acastanhada com tons cinzentos e sarapintada de preto, permite-lhe confundir-se com o meio que o envolve.




Decomentário do lince Ibérico II

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Áreas protegidas

Áreas Protegidas:
O que é?

Áreas protegidas é um espaço geográfico reconhecido através de meios legais ou igualmente eficientes, com o fim de obter a conservação ao longo do tempo da natureza com os serviços associados ao ecossistema e os valores culturais.


objectivos:

vInvestigação científica

vProtecção de zonas florestais

vPreservação das espécies e da diversidade genética

vManutenção dos serviços ambientais

vProtecção de características naturais e culturais específicas

vTurismo e recreação

vEducação

vUtilização sustentável dos recursos derivados de ecossistemas naturais

vManutenção dos atributos culturais tradicionais
Categorias:
Parque Nacional de Snowdonia ,no País de Gales, um exemplo de categoria tipo V
vI - Protecção integral: Reserva Natural Estrita/Área Natural Florestal.
vII - Conservação de ecossistemas e turismo: Parque Nacional.
vIII - Conservação das características naturais: Monumento Natural.
vIV - Conservação através de gestão activa: Área de gestão de habitat/espécies.
vV - Conservação de paisagens terrestres e marítimas e de recreio: Paisagens Terrestres e Marinhas Protegidas.
vVI - Utilização sustentável dos ecossistemas naturais: Área Protegida com Gestão de Recursos.
 Reserva natural

vÁrea destinada à protecção de habitats da flora e da fauna selvagens.







vEx: Estuário do tejo

Parque Nacional




vÁrea que contém vários ecossistemas. Integra várias paisagens naturais e humanizadas, espécies vegetais e animais e locais de interesse. Único parque nacional existente em Portugal é o da Peneda-Gerês.




Áreas protegidas em

Portugal

Javali






Nome binomial

 Sus scrofa, conhecido popularmente como javali (do árabe djabali, significando porco montanhês), javardo, porco-bravo e porco-montês (as fêmeas são conhecidas como javalina e gironda).

 É um mamífero artiodáctilo, da família Suidae, de médio porte e corpo robusto.

 É a mais conhecida e a principal das espécies de porcos selvagens.

Tem ampla distribuição geográfica, sendo nativo da Europa.

Evoluiu o actual porco doméstico (Sus domesticus ou Sus scrofa domesticus).

Características físicas

Os javalis são animais de grandes dimensões, podendo os machos pesar entre 130 e 250 kg e as fêmeas entre 80 e 130 kg.

Medem entre 125 e 180 cm de comprimento e podem alcançar uma altura no garrote de 100 cm.

Os machos são consideravelmente maiores que as fêmeas, além de terem dentes caninos maiores.

O corpo do javali é robusto e estreito, com patas relativamente curtas.

Tem uma cabeça grande, triangular, com olhos pequenos, mas quando é criado junto aos porcos domésticos, para criar o híbrido javaporco, o crânio começa a mudar ficando mais assemelhado ao do porco doméstico.

Os quartos dianteiros do javali são mais robustos que os traseiros, enquanto que no porco doméstico ocorre o contrário.

A diferença deve-se à intensa seleção por variedades de porcos domésticos com mais carne levada a cabo pelos criadores.

A boca é provida de enormes caninos que se projetam para fora e crescem continuamente.

Os caninos superiores são curvados para cima, enquanto os inferiores, maiores ainda, chegam a ter 20 cm de comprimento.

Os caninos são usados como armas em lutas entre machos e contra inimigos.

Ao contrário de certas raças de porcos domésticos, os javalis são cobertos de pelagem.

Os pelos são rijos e nos adultos variam de cor entre o cinza-escuro e o acastanhado.

Os filhotes apresentam cor de terra clara com listras negras, o que lhes dá uma camuflagem muito eficiente.

A pelagem dos filhotes escurece com a idade.





 Habitat

  Os javalis preferem bosques com bastante vegetação onde possam esconder-se, mas também frequentam à noite áreas abertas, assim como áreas cultivadas.

 Em sua ampla área de distribuição, ocupam bosques temperados até florestas tropicais.

Não ocorrem em desertos nem em alta montanha.

Hábitos alimentares

  O javali passa grande parte do dia fossando a terra em busca de comida.

 É um animal omnívoro, com preferência por matéria vegetal como raízes, frutos, bolotas, castanhas e sementes.

Também invadem terras cultivadas, especialmente campos de batata e milho.

Os javalis também incluem animais em sua dieta, como caracóis, minhocas, insetos, ovos de aves e até pequenos mamíferos. Também consomem animais mortos.

Podemos encontrar javalis na beira dos ribeiros e lagos escondidos nos bosques a beber.



Comportamento

  O javali é de comportamento sociável, mas não é territorialista, ou seja, não marca territórios.

Reúne-se em grupos matriarcais, normalmente com três a cinco animais, formados pelas fêmeas e suas crias, embora possam ser encontrados grupos superiores a vinte indivíduos.

A javalina (ou gironda - a fêmea do javali, quando já madura) dominante é a de maior idade e tamanho e sempre fica um pouco mais afastada do grupo como uma Guarda, que normalmente dá sua vida para que o restante fuja.

Os jovens machos de um ano, chamados "barrascos", vivem na periferia do grupo.

Exceptuando-se o período de cio, os machos em idade reprodutora (barrões, varrões) são bem mais solitários, mas podem ser vistos acompanhados por um ou mais machos jovens, conhecidos por "escudeiros".

O grunhido do javali chama-se "arruar".


Nome binomial

 Sus scrofa, conhecido popularmente como javali (do árabe djabali, significando porco montanhês), javardo, porco-bravo e porco-montês (as fêmeas são conhecidas como javalina e gironda).

 É um mamífero artiodáctilo, da família Suidae, de médio porte e corpo robusto.

 É a mais conhecida e a principal das espécies de porcos selvagens.

Tem ampla distribuição geográfica, sendo nativo da Europa.

Evoluiu o actual porco doméstico (Sus domesticus ou Sus scrofa domesticus).

Características físicas

Os javalis são animais de grandes dimensões, podendo os machos pesar entre 130 e 250 kg e as fêmeas entre 80 e 130 kg.

Medem entre 125 e 180 cm de comprimento e podem alcançar uma altura no garrote de 100 cm.

Os machos são consideravelmente maiores que as fêmeas, além de terem dentes caninos maiores.

O corpo do javali é robusto e estreito, com patas relativamente curtas.

Tem uma cabeça grande, triangular, com olhos pequenos, mas quando é criado junto aos porcos domésticos, para criar o híbrido javaporco, o crânio começa a mudar ficando mais assemelhado ao do porco doméstico.

Os quartos dianteiros do javali são mais robustos que os traseiros, enquanto que no porco doméstico ocorre o contrário.

A diferença deve-se à intensa seleção por variedades de porcos domésticos com mais carne levada a cabo pelos criadores.

A boca é provida de enormes caninos que se projetam para fora e crescem continuamente.

Os caninos superiores são curvados para cima, enquanto os inferiores, maiores ainda, chegam a ter 20 cm de comprimento.

Os caninos são usados como armas em lutas entre machos e contra inimigos.

Ao contrário de certas raças de porcos domésticos, os javalis são cobertos de pelagem.

Os pelos são rijos e nos adultos variam de cor entre o cinza-escuro e o acastanhado.

Os filhotes apresentam cor de terra clara com listras negras, o que lhes dá uma camuflagem muito eficiente.

A pelagem dos filhotes escurece com a idade.





 Habitat

  Os javalis preferem bosques com bastante vegetação onde possam esconder-se, mas também frequentam à noite áreas abertas, assim como áreas cultivadas.

 Em sua ampla área de distribuição, ocupam bosques temperados até florestas tropicais.

Não ocorrem em desertos nem em alta montanha.

Hábitos alimentares

  O javali passa grande parte do dia fossando a terra em busca de comida.

 É um animal omnívoro, com preferência por matéria vegetal como raízes, frutos, bolotas, castanhas e sementes.

Também invadem terras cultivadas, especialmente campos de batata e milho.

Os javalis também incluem animais em sua dieta, como caracóis, minhocas, insetos, ovos de aves e até pequenos mamíferos. Também consomem animais mortos.

Podemos encontrar javalis na beira dos ribeiros e lagos escondidos nos bosques a beber.



Comportamento

  O javali é de comportamento sociável, mas não é territorialista, ou seja, não marca territórios.

Reúne-se em grupos matriarcais, normalmente com três a cinco animais, formados pelas fêmeas e suas crias, embora possam ser encontrados grupos superiores a vinte indivíduos.

A javalina (ou gironda - a fêmea do javali, quando já madura) dominante é a de maior idade e tamanho e sempre fica um pouco mais afastada do grupo como uma Guarda, que normalmente dá sua vida para que o restante fuja.

Os jovens machos de um ano, chamados "barrascos", vivem na periferia do grupo.

Exceptuando-se o período de cio, os machos em idade reprodutora (barrões, varrões) são bem mais solitários, mas podem ser vistos acompanhados por um ou mais machos jovens, conhecidos por "escudeiros".

O grunhido do javali chama-se "arruar".

O javali, durante o dia, é normalmente sedentário e descansa em "manchas" (zonas de mato mais ou menos denso), onde faz seu "encame" (a "cama" do javali é constituída por pequenas depressões no terreno, feitas por eles próprios, sendo as destinadas a maternidade autênticos ninhos de vegetação construídos pelas marrãs - fêmeas parideiras).

Durante as noites, é bastante ativo, chegando a percorrer distâncias consideráveis, que podem variar de 2 a 14 km por noite, normalmente ao passo cruzado ou ao trote ligeiro, enquanto nas corridas pode praticar um rápido galope, que, no entanto, pode manter por curto período apenas.

Nos bosques, utiliza quase sempre os mesmos caminhos para suas andanças, variando com as estações e disponibilidade alimentar ou de refúgio, mas as fêmeas prenhes ou com crias tornam-se mais sedentárias.

Os banhos na lama têm várias funções para os javalis.

Uma função é regular a temperatura corporal, uma vez que os javalis não suam por terem glândulas sudoríparas atrofiadas.

De igual modo se considera que os banhos de lama têm importante papel nas relações sociais da espécie, inclusive na seleção sexual.

Enquanto no verão usam do banho na lama todos os javalis, sem distinção de sexo ou idade, durante a época do cio parecem reservados quase que exclusivamente aos machos adultos. Tem-se considerado que estes banhos podem ajudar a manter os odores corporais sob um substrato estável como aquele proporcionado por uma camada de barro aderida ao pêlo.

Na Europa, o tempo de reprodução vai de Novembro a Janeiro, quando os machos adultos solitários buscam fêmeas receptivas. Ao encontrar uma "vara" (grupo de animais de mesma ninhada), o macho começa por expulsar os jovens do ano anterior.

 Se necessário, luta contra seus rivais para conquistar as fêmeas, em geral duas ou três, podendo alcançar até mesmo oito.

 As lutas pelas fêmeas podem ser ferozes: muitas vezes, os machos terminam feridos pelos caninos dos rivais.

A gestação dura cerca de 110 dias, com os nascimentos ocorrendo entre Fevereiro e Abril.

As ninhadas têm entre 2 a 10 leitões, que após uma semana já podem acompanhar a mãe em suas andanças.

 O desmame acontece aos 3-4 meses de idade.

As crias com menos de 6 meses são amarelas, raiadas de castanho-escuro e designam-se por listados.

A partir dos 6 meses, a pelagem torna-se avermelhada e as crias tomam o nome de farropos. Progressivamente, a pelagem vai escurecendo até tomar uma tonalidade cinzenta escura, momento em que a cria passa a ser considerada um javali de vara.

A maturidade sexual é alcançada aos 8-10 meses, ainda que os machos jovens são impedidos de acasalar-se pelos machos mais velhos.

O tempo de vida médio é de cerca de 20 anos em cativeiro.

O javali é o único animal mamífero que, devidamente estimulado, ejacula depois de morto, sendo esta uma prática comum nas caçadas de besta.

Túmulo gótico (século XIV) de Pedro Afonso, conde de Barcelos, com cenas de caça ao javali na lateral.

Os caçadores usam lanças e cornetas, além de cães (Mosteiro de São João de Tarouca, Portugal).

Desde a Antiguidade Clássica à Idade Média, o javali foi sempre considerado como espécie cinegética de prestígio, especialmente os machos adultos, que eram vistos como o paradigma da coragem e bravura. Antes do advento das armas de fogo, o javali era caçado usualmente com um tipo de lança específico para o objectivo.

 A caça ao javali é ainda hoje em dia muito popular.

As referências culturais ao javali são abundantes desde pelo menos a Grécia Antiga. Um dos doze trabalhos de Hércules foi caçar o javali de Erimanto.

O javali foi também símbolo de legiões romanas como XX Valeria Victrix, I Italica e X Fretensis.

Foi também um animal comum na heráldica medieval europeia; por exemplo como símbolo pessoal do rei Ricardo III de Inglaterra e nos brasões de várias cidades.

Na cultura popular actual, é o prato preferido na irredutível aldeia gaulesa das historietas de Asterix e Obelix.