O lobo da
Península Ibérica (Canis Lupus signatus) é uma subespécie do Lobo -cinzento. A
sua população deve rondar entre 1600-1700 indivíduos.
Destes, cerca de 170 habitam no nordeste transmontano.
Um pouco mais pequeno e esguio que as outras subespécies do
lobo cinzento, o lobo ibérico medem entre 130 a 180 cm de comprimento os
machos, e 130 a 160 cm as fêmeas.
Os machos pesam geralmente entre 20 a 40kg e no caso das
fêmeas entre 20 a 35kg.
A pelagem é de coloração acinzentada e mesclada de negro,
particularmente sobre o dorso.
Alimentação
A alimentação é muito
variada, dependendo da existência ou não de presas selvagens e de vários tipos
de pastoreio em cada região. As suas principais presas são o javali, o corço e
o veado, e as presas domésticas mais comuns são a ovelha, a cabra, a galinha, o
cavalo e a vaca. Ocasionalmente também mata e come cães e aproveita cadáveres
que encontram, isto é, sempre que pode é necrófago.
Espécie que
vive em alcateias formadas por 3 a 8 indivíduos, devidamente hierarquizados.
Existe um par dominante (par alfa). Os locais habitados por lobos
caracterizam-se por baixa pressão humana, embora com elevada taxa de actividade
pecuária e uma topografia acidentada. De actividade essencialmente nocturna,
podem percorrer num só dia cerca de 20 a 40 km à procura de presas: mamíferos
de médio e grande porte.
Habitat
Habitam em bosques abertos, tundra, florestas densas e
montanhas onde se refugia em tocas escavadas por ele ou reaproveitadas de
outros animais.
A população Europeia original está agora muito reduzida. A
primitiva área de distribuição mundial do lobo (Canis Lupus, L. 1758) abrangia
quase todo o hemisfério Norte, excepção feita ao Norte do continente Africano.
Actualmente este canídeo ocupa uma área muito mais reduzida, estando
classificado como Espécie Vulnerável a nível mundial. Na Península Ibérica, a
área de distribuição deste predador restringe-se ao quadrante noroeste da
península, estando classificado como Espécie Vulnerável em Espanha e como
Espécie Em Perigo, em Portugal.
Em Portugal a área de distribuição do lobo abrange cerca de
18.000 km² no norte do país. Considera-se que existem duas populações separadas
pelo rio Douro:
Uma população próspera
ao norte do Douro, em uma área montanhosa que ocupa os distritos de Viana do
Castelo, Braga, Vila Real, Bragança e pequena parte do distrito do Porto. Essa
população abrange cerca de 50 alcateias e é contínua com a grande população do
lado espanhol da fronteira. Áreas protegidas portuguesas importantes para a
preservação do lobo ao norte do Douro são o Parque Nacional da Peneda-Gerês, o
Parque Natural do Alvão, o Parque Natural de Montesinho e o Parque Natural do
Douro Internacional.
Uma população em declínio
ao sul do Douro, distribuída em parte dos distritos de Viseu, Guarda e, talvez,
Aveiro e Castelo Branco. Essa população abrange apenas 10 alcateias e
encontra-se isolada em relação à população do norte do Douro. Seu futuro é
incerto, considerando-se que pode extinguir-se no curto ou médio prazo.
Geralmente
acasalam para toda a vida e, usualmente, apenas o par alfa se reproduz. Atingem
a maturidade sexual por volta dos 2-3 anos de idade.
Apenas se reproduzem uma vez por ano – fim do Inverno ou
início da Primavera (Janeiro a Março) – altura em que ocorre o acasalamento. Os
nascimentos dão-se, em geral, durante o mês de Maio ou Junho. As ninhadas têm
geralmente 3 a 8 lobitos nascendo com os olhos fechados e necessitando de
cuidados parentais. Em finais de Outubro saem dos locais de criação e iniciam a
sua aprendizagem de caça.
As causas do declínio
do lobo são a sua perseguição directa e o extermínio das suas presas selvagens.
O declínio é actualmente agravado pela fragmentação e da destruição do habitat
e pelo aumento do número de cães vadios/assilvestrados.
A redução progressiva
do número de ungulados silvestres (corço e veado) levou a que este predador
tivesse que recorrer aos animais domésticos como recurso alimentar. Deste modo,
a perseguição directa por parte dos pastores que sofrem prejuízos avultados nos
seus rebanhos, sofreu um incremento, apesar da lei que o proíbe. Nas últimas
décadas assistiu-se à destruição do habitat preferencial do lobo, com a
construção de grandes infra-estruturas viárias levou à fragmentação e redução
da área de distribuição do lobo em Portugal. Actualmente, também a existência
de um elevado número cães vadios/assilvestrados afecta a sobrevivência do lobo
uma vez que competem com o lobo na procura de alimento, sendo provavelmente
responsáveis por muitos dos ataques a animais domésticos incorrectamente
atribuídos ao lobo.
Morfologia
O lobo é um mamífero
de grande porte, sendo actualmente o maior canídeo selvagem. A espécie é
caracterizada por uma cabeça volumosa, de aspecto maciço, com orelhas rígidas e
triangulares, relativamente curtas e pouco pontiagudas. Os olhos são
frontalizados, oblíquos, em relação ao focinho, e cor de topázio.
O lobo ibérico é, de entre as subespécies de lobo, a que
apresenta menores dimensões e peso ( altura ao garrote - 70 cm; peso - 25 a
40Kg).
Caracteriza-se por possuir uma pelagem castanho amarelada no
tronco. O focinho, ruivo com tons intermédios entre o canela e o amarelo
canela, apresenta uma região mais clara, em tons de branco sujo, que parte
obliquamente da garganta até ao ângulo externo do olho. O dorso é marcado por
uma lista negra, que se estende do pescoço à cauda.
Os membros são fortes e robustos, com uma coloração entre o
castanho e o bege, internamente, e o castanho e o ocre, externamente. Para além
disso exibem, longitudinalmente, na região anterior, uma lista negra muito bem
definida, que é mais visível no Inverno. O restritivo específico signatus foi
atribuído com base nesta característica (do latim signatus - expressivo).
A pelagem de Inverno apresenta tons mais escuros que a
pelagem de Verão.
DISTRIBUIÇAO
No início do século XX, a subespécie Canis lupus signatus
ocupava praticamente toda a Península Ibérica. Porém, tem-se vindo a registar
uma redução quer da área de distribuição, quer do efectivo populacional deste
canídeo.
Em Portugal, o desaparecimento do lobo, particularmente na
faixa litoral, tornou-se evidente a partir de 1940. Com a diminuição drástica
da área ocupada na década de 70, a situação da espécie agravou-se.
A população de lobos
não se distribui de uma forma contínua em toda a sua área de distribuição, bem
pelo contrário, esta é fragmentada com muitas zonas onde os lobos
estão a desaparecer ou foram exterminados.
